"A mim, a criança ensinou-me tudo
Ensinou-me a olhar as coisas
Aponta-me para todas as coisas que há nas flores
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas [...]
A criança eterna acompanha-me sempre
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ela me faz,Ensinou-me a olhar as coisas
Aponta-me para todas as coisas que há nas flores
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas [...]
A criança eterna acompanha-me sempre
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
Brincando nas orelhas [...]
Ela dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de perna pro ar
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinha
Sorrindo para o meu sono [...]
A criança nova que habita onde eu vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelos caminhos que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda à parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena
Se a alma não é pequena..."
(Fernando Pessoa)
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