sábado, 11 de abril de 2009



Inegavelmente, os jogos e as brincadeiras mudam muito com o passar do tempo seja em diferentes países ou contextos sociais. Mas o prazer de brincar não muda.

É importante para orientação do estudo, algumas definições:
# Brincadeira refere-se à ação de brincar, ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não-estruturada;
# Jogo é compreendido como uma brincadeira que envolve regras;
# Brinquedo é utilizado para designar o sentido de objeto de brincar;
# Atividade lúdica abrange, de forma mais ampla, os conceitos anteriores.

A atividade lúdica infantil fornece informações importantes a respeito da criança: suas emoções, a forma como interage, seu desempenho etc. Desse modo ele se transforma em uma fonte de dados para o adulto, ajudando-o a compreender melhor como se dá o desenvolvimento infantil. Daí sua importância.

Com o desenvolvimento tecnológico, o crescimento das grandes cidades , o tempo e o espaço de brincar das crianças diminuíram, implicando negativamente no desenvolvimento de certos aspectos, como o físico por exemplo.

A criança nunca brinca sozinha, ela sempre cria ou dá vida a objetos inanimados, transformando-os em parceiros para a brincadeira. A passividade da criança, seja ela física ou mental não dá idéia de desenvolvimento.

Embora não exista uma teoria completa e universal sobre o jogo, várias correntes teóricas auxiliam o estudo:
# Estudos evolucionistas e desenvolvimentistas (final do século XIX) – Stanley Hall defendia a idéia de que os estágios do jogo infantil recapitulavam toda história biocultural do pensamento humano.
# Difusionismo e particularismo: preservação do jogo (final do século XIX, começo século XX) – Imperava a idéia do jogo como característica universal de todas as culturas devido à difusão constante ou a unidade física do pensamento humano e ao conservadorismo de todas as crianças. Contudo, essa linha de pensamento é controvertida, já que o jogo é dinâmico, e não se transformará em documentos mortos.
# Análises funcionais: socializando o jogo (Década de 30 e 50) – Valorizou o jogo como mecanismo socializador.
# Análise do ponto de vista cultural e de personalidade: a projeção do jogo (1920 até 1960) – O jogo era “usado” como contexto para a pesquisa de outras atividades.
# Estudos de comunicação (Década de 30 a 70) – Ressaltava a importância da comunicação do jogo.
# Análise estruturalista e cognitivista (Década de 50) – Aqui todos concordam que o jogo é um fenômeno da mente, sendo visto como uma atividade que pode ser expressiva ou geradora de habilidades cognitivas gerais e específicas.

A teoria piagetiana dá conta da forma como a criança aprende o mundo, como ela se apropria dos conhecimentos e como ela interage com eles e com diferentes objetos e indivíduos.

Vygotsky refere-se, sobretudo, ao papel do meio social e cultural na formação das funções psicológicas.

Piaget distingue três tipos de estruturas que caracterizam o jogo infantil e fundamentam a classificação por ele proposta: o exercício, o símbolo e a regra.
# Jogos de exercício – Caracterizam a fase que vai desde o nascimento até o aparecimento da linguagem. Têm como finalidade o próprio prazer do funcionamento. Assim que a criança começa a falar, o jogo do exercício diminui.
# Jogos simbólicos – Fase que vai desde o aparecimento da linguagem até aproximadamente os 6/7 anos. No jogo simbólico a criança se interessa pelas realidades simbolizadas e o símbolo serve somente para evocá-las. A criança joga não para aprender, mas para reproduzir suas ações e mostrá-las a si própria e aos outros.
# Jogo de regras (6/7 anos em diante) – A regra supõe, relações sociais, sua violação constitui falta. A regra é o elemento novo que resulta da organização coletiva das atividades lúdicas.

O folclore caracteriza-se também por ser transmitido oralmente de uma pessoa a outra, de uma geração a outra por imitação e sem organização de situações formais. Ele é visto como elo entre o presente e o passado, facilitando a preservação de valores sociais.

O jogo tradicional é aquele transmitido de forma expressiva de uma geração a outra, e incorporado de forma espontânea pelas crianças. Ele faz parte do patrimônio lúdico-cultural infantil e traduz valores, costumes, formas de pensamentos e ensinamentos. Contudo o jogo tem mudado muito no decorrer do século.

Os jogos sofrem constantes transformações por não estarem registrados de forma escrita (documento escrito = antologia), e por constituírem uma obra de criação coletiva; e por serem transmitidos de forma expressiva, seja verbal ou gestualmente, de uma geração para outra. E por estes motivos correm o risco de desaparecer.

Por:Naidhia Soares
Texto baseado no livro: Brincar: crescer e aprender. O resgate do jogo infantil - Adriana Friedmann